sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Ombro forte

Na prece o sujeito pede uma ajuda. Não se engana em desejar que o que ele sonha se realize. Porque sonhos não se realizam, eles são realizados.
O que lhe é dado é um suporte. Mão que levanta, bálsamo que cicatriza, muleta que ajuda a andar. Deve existir a vontade do sujeito de se curar, assim como a coragem de seguir caminhado, após a queda.

Como que a pluma

Uma pluma esvoaçante...
Ela segue a brisa da tarde
Poema que se escreve no ar

Fecho os olhos
Deixo a brisa me levar
É preciso calma, entrega

Acompanhando a pluma
Que rodopia, levita
Ocupa espaço no lugar

Pluma, ilusões
Vento, transformações
Doce exercício voar

sábado, 17 de outubro de 2009

Eu sou...

Eu sou... estou?
Pessoa, personas,
A mais conhecida
É a que chamam de Dário

Estou, estados
Paciência que tenho
O encontro contigo

Eu sou, o que amo
Amigos, família
Meus sonhos
Conquistas...

Estou os meus limites
Vitórias futuras
Alicerces para os sonhos
Que estão no céu

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Logo

Triste aquele que não reconhece uma razão para estar aqui. É como alguém que sai de casa e não sabe onde quer chegar. Estar perdido na sua própria existência.
Eis a verdadeira escuridão. Andar sem saber onde quer chegar. Não ter a vela de um sonho que ilumine a sua trilha.
Há que se manter o coração aberto. Ouvir o que o vento tem a dizer. A luz atravessa as trevas. Ninguém pode deter a alvorada.

domingo, 4 de outubro de 2009

"De onde vens?"

Por vezes eu irei me deparar com situações para as quais não terei resposta. São as surpresas do caminho que podem levar a uma crise. Vem o medo, pela fantasia que crio para o desconhecido.
Se faz então válido recorrer àquele questionamento; "de onde vens?". Existem coisas que ficaram na memória e ainda não foram desveladas. Principalmente os ensinamentos daquelas pessoas que já eram velhas quando viemos a este mundo.
Vai bater aquela saudade. Chego a ter a impressão de que há algo do passado que foi perdido, que dá a sensação de que nesse tempo era melhor de se viver.
O tempo das lembranças não respeita o tic tac do relógio. Aconteceu há alguns instantes.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

"Girassol"

Os tempos são senhores dos dois destinos. Isso sim, porque há aquele tempo em que escolhemos arriscar pela coragem de sermos nós mesmos, de apostar tudo em um sonho. Um sonho deve ser um plano para algo que não existe, porque o que existe não precisa mais ser criado. Enquanto seres divinos que somos devemos ter em mente que o sentido mais verdadeiro que a vida pode ter é o de proporcionar que nos tornemos o mais criativo possível. Se fosse para existir no tempo da rotina viver não faria nenhum sentido.
Só é viver quando perseguimos a luz, como o girassol que busca o astro maior. Escolher a Vida é estar em paz, é plantar a paz.
São vários destinos que podemos escolher, mas todos eles se resumem a dois. O do tempo da mono-tonia (único tom, que chatice!) ou o tempo que não se mede. Não precisa ser medido, na verdade. Não se está em atraso , porque não há lugar mais importante a se visitar. Só preciso estar aonde estou.
Voltemos a ter olhos de criança! Tudo volta a ser novidade.

domingo, 27 de setembro de 2009

A obra prima convoca o silêncio

O que se pode falar diante de uma obra prima? Por melhor que se fale pode parecer redundância. A obra já fala por si. Não quer dizer nada e fala exatamente sobre aquilo que é. Isso porque o que se mostra verdadeiramente não precisa falar de si, pois, neste caso, falar de si seria um intermédio entre aquilo que se é e o que se quer dizer.
Não precisar falar nada é chegar ao fim do processo de desnudar-se, onde se tem a coragem de se mostrar o que se é. A fala torna-se desnecessária porque aquilo que se mostra verdadeiro toca diretamente a alma, como na música.
Basta saber contemplar. Com-templando podemos presenciar o milagre da re-criação.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Olhar a beleza do mundo

Quando a gente olha para aquilo que é belo passamos a acreditar mais na beleza. Quando transmitimos isso ao outro demonstramos que estamos dando mais importância a isto que às feiúras da existência. Não digo que devemos fechar os olhos ao perverso, mas sim que não devemos valorizar somente esse lado da existência. Violência e desigualdade devem ser anunciadas, denunciadas e transformadas, mas enquanto não conseguimos extirpar esses males do mundo precisamos alimentar a nossa alma, aquecer os nossos sonhos, renovar as nossas esperanças. Viver o ócio é, também, vivenciar a profecia de uma nova possibilidade. É ter uma experiência que, a partir das transformações que empreendemos no mundo, pode se tornar um estado.

domingo, 13 de setembro de 2009

O Momento

Às portas do inferno olhamos para cima. O que vemos é o divino. Ele sempre esteve lá, mas as vezes precisamos chegar ao fundo do poço para olhar para o céu. E quando somos humildes o bastante para compreender que muitos dos sofrimentos que vivemos advêm das nossas próprias escolhas, fazemos as pazes com o divino que nos habita. Sois deuses. Sois seres de amor. O sofrimento é um meio pelo qual me encontrará. Encontrará a si. Mas se atreva a olhar. Verás que o céu está em seus olhos. Será a beleza do encontro. O Momento.

Somente para aqueles que se atrevem a sonhar

sábado, 12 de setembro de 2009

"Cio da Terra"

Pedimos e nos é dado. Contentamo-nos com o que nos é necessário. Fartura independe de opulência. A luxúria expressa miséria de alma.

A terra é uma mãe. Acolhe, conforta, concede, emprenha, cria a vida. Ela dá o chão, que é o lugar onde existimos.

Para emprenhar a terra é preciso seduzi-la. Isso se faz pela doçura, conhecendo os segredos da terra.

Um dos seus mistérios é o de que ela não pertence a ninguém, a não ser a ela própria e a todos nós.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Formação do homem obra de arte

"A educação do homem deve começar pela poesia, ser fortificada pela conduta justa e consumar-se na música." (Confúcio)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

"Paciência em Ti"

O Dalai Lama diz que a ansiedade pode ser curada com o seguinte pensamento; de nada adianta eu me tornar ansioso por algo. Se o problema pode ser resolvido farei o meu melhor para que assim o seja. Caso contrário, não devo me preocupar, porque é algo que não pode ser mudado.
A paciência é a ciência da paz. É uma atitude prática frente ao sofrimento inevitável. É um posicionamento sábio frente a necessidade de se pensar a melhor saída para um problema. É um estado da alma que nos equilibra e faz bem ao corpo. É o estar na velocidade devida, nem mais lento e nem apressado. É estar no tempo do ser autêntico.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Há muito para além do mero existir...

“Não basta existir, há que viver. Não basta viver, há que ser. Não basta ser, há que transparecer. Não basta transparecer, há que servir. E só então, partir. Saciado de dias e de noites, de luzes e de sombras, de amores, tremores e louvores. Em paz, como um avô sorridente, descascando uma laranja para o seu netinho. Confiante, como uma criança inocente se jogando nos braços de sua mãe. É longa e paradoxal a caminhada de retorno à Morada da Essência, de onde jamais partimos...”

(Roberto Crema)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Os sonhos que nos fazem

Sonhos são planos que lembramos por palavras.
Pensamos que os criamos, mas são eles que nos fazem.
A recordação de algo que parece novidade.
Luz que se lança por sobre a sombra que criamos.
Por vezes é na sombra que está aquilo que realmente importa.

Santo Agostinho dizia - se queres conhecer alguém,
pergunta não o que a pessoa tem, mais sim aquilo que ela ama.
O amor é o sentimento mais abstrato e mais verdadeiro que existe,
disse Gandhi. Este tinha mesmo a alma grande.

Quando, pela manhã, acordamos sem um sonho
é porque morremos e esqueceram de nos avisar.
Melhor seria nem levantar. Isto quem me ensinou
foi Viktor de Salis.

Mera ilusão crer que somos nós que fazemos o sonho.
Não somos capazes de criar coisa tão bela.
Sonhar, isto sim, podemos fazer.
Felizes daqueles que o fazem.
Corajosos aqueles que anunciam isto ao mundo.
Semi-deuses aqueles que se deixam transformar por ele
e o transformam em realidade.

Sonhar é um verbo qu está na imaginação de muitos,
nos planos de alguns e nos atos de poucos.

domingo, 23 de agosto de 2009

"Ilusões da vida"

Disse o poeta...


"Quem passou pela vida em branca nuvem
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem - não foi homem,
Só passou pela vida - não viveu."


(Francisco Otaviano)

Uma criança me ensinou a olhar o mundo

E ela me ensinou,
A como olhar o mundo.
E comigo jogou,
Sim, tocou-me no fundo.

Eu só parei de pensar.
E entrei no seu jogo.
Olhava no seu olhar,
Ardia o teu fogo.

É um fogo que queima,
Do mundo os seus véus.
Inocente ela chama.
Pede os olhos meus.

Agora o espanto;
O olho amarelo.
E ensaia um pranto.
Seria o teu flagelo?

Inerte, a encarar,
O fogo lhe é fatal.
Será que está a amar,
Aquele animal?

Tempo...descobre, ao fim,
Mistério da esfinge.
Início, meio e fim.
O desejo que finge.

A beleza do olho,
O mistério do olhar.
E aquilo que colho,
Foi que plantei a andar.

Ficou-me uma lição;
Olhas o teu caminhar,
Ouças o teu coração,
E aprenda a amar.

domingo, 16 de agosto de 2009

O olhar da Clarice

Antes eu tinha medo do seu olhar. Temia que ele me engolisse. Era, para mim, um vazio. Ao mesmo tempo transbordava mistério. Eu não conseguia compreende-lo. Era o desconhecido. Temos medo de tudo aquilo que é desconhecido. Precisamos, inclusive, criar conceitos para a coisa, a fim de nos familiarizarmos um pouco que seja com ela. Era o que eu fazia com o seu olhar. Chamava-o de vazio. Acho que, depois que fomos colocados neste mundo, ficamos desconfiados com qualquer novidade.

Mas um dia, depois de ti conhecer melhor, pude entender um pouco o teu olhar. Olhei por detrás de alguns véus (não todos, afinal alguns mistérios sempre ficam sem resposta) e consegui entender alguns dos enigmas que o teu olhar expressa.

Através do olhar você consegue enxergar a alma alheia. É como se pelo olhar você encarnasse nesta outra pessoa. Consegues entender todos os segredos dela. É um olhar impetulante, porque você está ciente do poder que ele possui. É como se uma coruja morasse em ti.

Ao mesmo tempo é um olhar que acolhe, que perdoa. Sim, bem no cantinho dele, ou então se a gente consegue olhar bem fundo. Isso porque só pode perdoar aquele que entende a alma do outro. Além de perdoar você ajuda esse outro ser a encontrar a vida que há dentro dele. Este é um processo que exige ajuda, porque o nascimento da vida é algo muito sangrento. Muito mais sangrento que a morte. Há, também, um quê de esperança no teu olhar. Uma esperança triste, mas, ainda assim, uma esperança.

Teu olhar é a tua sina e o teu talento. Ti exige muito, eu sei, mas precisamos dele. Ele nos revela a beleza triste que a condição humana apresenta. Uma beleza que, em muitos momentos, não conseguimos observar com o nosso mero olhar de mortais.

Agora eu sei porque tinha medo do teu olhar. Tinha medo do que você poderia encontrar através dele. Mas, ao ti conhecer melhor passei a me conhecer melhor. A minha condição humana já não me causa medo. Além disso, já me acostumei com a dor que existe dentro de mim. Ela me ensina muitas coisas. Obrigado, você me ajudou a encontrar a vida que habita dentro de mim.

sábado, 15 de agosto de 2009

O parto de um poema

Como se faz um poema?
É assim; crie um vazio.
Lembre-se daquela cama,
Vazia, ela sumiu.

Depois você faz amor
Com tudo que lhe faz ter
Saudade. Sentes fervor
Uma vontade de viver.

Aí ficarás prenhe
O poema está em ti.
Pede que você caminhe
É ele que quer sair.

Portanto, se tu pensas
Em, um dia, poetizar
Usa o vazio que tenhas
E lembra sempre de amar.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Ao final...

A saudade é um sentimento vespertino.

Cuidar é também somente observar

Clarice, você me ensinou que há momentos em que não devemos fazer nada. Há momentos em que não devemos falar, pois as palavras são desnecessárias e nunca darão conta de expressar o que se sente, o que se é.
Há momentos em que não devemos cuidar, pois o outro precisa aprender por si mesmo a dor e o prazer implicados no ato de tornar-se humano. Na verdade, neste momentos estamos sendo cuidadores, deixando este outro aprender por si a andar com as suas próprias pernas, ainda que cambaleantes. Ainda que ele caia. Li em algum lugar que o mérito não está em ficar de pé, mas sim em levantar-se após a queda.
Há momentos em que não devemos pensar, pois existir, sentir, viver, não pode ser pensado, mas somente existido, sentido e vivido.
Você consegue me mostrar a beleza triste daquilo que é humano Clarice, demasiado humano.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

"Pão é amar entre estranhos."

Eu fiz amor com um texto teu Clarice Lispector. Sim, é verdade, as tuas palavras me excitam. Quando consigo abrir um vazio dentro de mim, a tua palavra me invade e me causa.
Quando escrevia você era Clarice? Eu tenho a impressão que não. Você se tranfigurava, tornava-se uma semi-deusa. A tua palavra se tornava sangue. Este era o teu dom e a tua sina. Tu eras livre, ainda que dentro de quatro paredes.
Você não era a Clarice quando escrevia. Isso porque a Clarice era humana, demasiadamente humana. A Clarice não conseguiria falar de quão humana ela era. Só a semi-deusa que se expressava por ti conseguiria falar da tua humanidade em demasia.
Vamos Clarice, admita! Você não era você quando escrevia. Você era o seu ser verdadeiro. Então, era com o seu ser verdadeiro que eu fazia amor.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Pre-ocupação

Ao atentar para a realidade e não criar expectativas com relação a coisas que provavelmente não ocorrerão, pode-se viver alegremente e com satisfação da alma a formação e disposição dos pequenos tijolos que formam a mansão dos nossos sonhos.
As palavras não tem peso. São leves ao ponto de serem incômodas.

Im-possível

Impossibilidade é o imposto de uma existência. Há quem sonegue, de toda forma.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A raridade do bem viver

Hoje pensei que as boas lembranças são como pérolas. Elas aparentam fragilidade, quando na verdade são resistentes. Possuem uma beleza singular. De certa forma elas lembram a Lua. Ambas possuem uma beleza meio melancólica. A Lua me desperta um inexplicável sentimento de saudade (as verdades da vida não podem ser explicadas). Rubem Alves diz que a saudade é um intervalo entre a beleza e a finitude. Somos seres de saudade porque somos belos e finitos.

Pois cada lembrança boa que tenho se transforma em uma pérola. Posso dizer que já possuo um tesouro vasto e precioso, de inestimável valor. E o melhor de tudo; ele não pode ser roubado e não se desvaloriza com o tempo. Eu não preciso comprá-lo ou mesmo procura-lo. As pérolas se mostram pelo caminho, basta estar atento para percebê-las, sabendo olhar nos lugares certos.

O meu tesouro se torna cada vez maior à medida que eu o compartilho com as outras pessoas. A lógica é inversa a do capitalismo, quanto mais se divide, mais se tem.

Sim, as boas lembranças são pérolas! E a nossa existência só se faz autêntica quando conseguimos construir um vasto colar, que nos liga aos lugares por onde passamos, experiências que vivemos e pessoas com as quais dividimos as nossas pérolas.

domingo, 9 de agosto de 2009

Verbo e Vida

Quero escrever sobre algo que eu não sei o que é. A ponta da caneta encosta no papel e infinitas possibilidades se apresentam. Pode-se escrever sobre muitas coisas. Mas eu não quero muitas coisas. Quero exatamente aquilo que eu não sei o que é. Pode ser que seja o meu desejo. Ou mesmo a minha experiência. Simplesmente um reforço?

A chuva me diz que ela é imparcial. Ela chove e nada mais. Aquilo que ela leva pelas suas águas que escoam, sejam lembranças que devem ser esquecidas ou o repouso de uma noite de sono, são conseqüências do chover e não o seu objetivo. Interpretações que se fazem acerca do que ela quer com o ato de chover são reflexos dos desejos daqueles que interpretam.

Acho que tudo tem o seu verbo próprio. Tudo e todos estão em busca do SER. O verbo da chuva é chover. E o do humano? O universo do homem é tão vasto! A chuva só precisa chover para ser o que ela é. O ser humano pode se renovar, perdoar, amar... Imagino que o mistério da existência seja o de achar o nosso verbo próprio.

sábado, 8 de agosto de 2009

“Um recado sem som”

As palavras são incapazes de expressar o que realmente queremos dizer. O silêncio é muito mais completo. Nele está contido o mistério e a paz. Nada precisa ser dito porque tudo está entendido. O silêncio é sagrado.

Mas as palavras são necessárias. Não estamos preparados para o silêncio. São muitas vozes que nos gritam. O olhar é nervoso e a perna balança. Há mal-estar porque tememos o que o outro pensa de nós. São os nossos fantasmas que estamos vendo projetados nele. É preciso falar para “quebrar o gelo”. É isso! O silêncio é tão frágil que se quebra com a mais simples palavras, ou o mais breve ruído.

Algumas palavras se aproximam daquilo que se quer dizer. Isso acontece quando conseguimos ser autênticos. Falamos daquilo que sentimos e ao falar nos transformamos. A palavra penetra, deixa prenhe. Ela imprime um desejo. Aí está o encanto da metáfora, visto que reflete aquilo que habita o nosso interior.

“Só fale se for para melhorar o silêncio.” Difícil... talvez impossível. Necessário.

sábado, 25 de julho de 2009

Amizade

"Amigos são pessoas que nos amam, apesar de nos conhecerem." Ouvi algo do tipo esses dias. Acho que é difícil conviver com uma pessoa, ainda mais quando a conhecemos profundamente. Se for algo de livre e espontânea vontade, é porque deve mesmo valer a pena.
"Não conte quantos amigos você tem, mas sim com quantos amigos você pode contar." Quantidade muitas vezes não combina com qualidade mesmo. Não é fácil encontrar alguém que esteja disposto a ti ouvir sem esperar nada em troca. Alguém que suporte os nossos repentinos ataques de mesquinhez. Que consegue ouvir milhares de vezes a mesma história, sem jogar na nossa cara a extrema burrice que cometemos ao repetirmos o mesmo erro demasiadas vezes. Alguém que espere o nosso tempo e saiba lidar com os nossos limites.
Diziam os gregos que a amizade é o tipo de amor mais verdadeiro vivenciado pelos humanos. Quando gostamos mesmo da pessoa não queremos que ela mude, que nos dê algo em troca... Algo perto de um gostar desinteressado.
Ainda que eu falasse a língua dos homens, que falassem a língua dos anjos, eu não saberia dizer em meras linhas e em pobres palavras o que significa amizade e o bem enorme que ela me traz.
Fica então o meu silêncio e o meu sorriso fraterno.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Pavão Mysterioso - Ednardo

Tocou em algum mistério meu. Eu reconheço se algo é arte (pelo menos para mim) quando faz isso. Eu me sinto em outra sintonia. Um arrepio nas costas, como se a alma quisesse sair do corpo. Como se algo me dissesse que tudo que existe neste plano em que vivo, e no que eu acredito, fosse mentira, nada além de meras fantasias. Sinto-me enganado por este mundo e, ao mesmo tempo, infinitamente feliz por poder contemplar, por um segundo que seja, essa verdade que se apresenta para mim. A arte é um brinquedo que nos foi dado pelos deuses. Eles tiveram piedade de nós, pobres humanos, transformados em mortais pelas nossas próprias escolhas. Com a arte podemos brincar de sermos eternos. Com a arte criamos asas. Transcendemos esse plano ao qual os humanos denominaram "realidade". E nesta guerra entre a realidade e a eternidade, possui vantagem aquele que tem asas.

terça-feira, 14 de julho de 2009

"Se eu quiser falar com Deus"

Para poder falar com Deus temos que entrar em contato com o nosso eu. Falar com Deus, na verdade, é encontrar o nosso EU, o nosso SER. As vezes, para isso, é necessário chegar ao fundo do poço. Comer o pão que o diabo amassou. Deixar de dar importância ao que não nos leva a esse SER. Afinal, chegar a ele é tudo o que importa. E no final, quando vemos que sofremos por coisa tão insignificante, tão sem sentido, rimo-nos da nossa própria ignorância. Isso sim, más recordações que foram superadas (caso contrário não são somente recordações, mas também fantasmas do presente) transformam-se em motivos de riso. Parecem uma piada de mal-gosto, algo que nunca aconteceu. E no final da caminhada, da nossa estrada, encontramos algo que é completamente diferente do que pensávamos. Afinal, o SER é anterior ao pensamento. Ele sempre esteve lá. "O início, o fim e o meio."

sexta-feira, 10 de julho de 2009

"Tente outra vez"

Quem sabe olhar para dentro de si, para aquele recôndido de luz que ainda existe e resiste a tudo e a todos, sempre achará força. "Nada acabou". "Quando se tem um 'para que' podemos superar qualquer 'como'." (Vitor Frankl).
Quando conseguimos achar sentido para a nossa vida, a nossa existência transcende o tempo, a vida não se restringe àquilo que o relógio consegue medir. Viver verdadeiramente é seguir o tempo das batidas do coração.
Bater na porta, até que ela se abra. Acreditar, acreditar e acreditar. A insistência é necessária. E para isso precisamos saber concentrar forças, saber desistir daquilo que não é importante.
Quando perdemos a fé no mundo apresenta-se um sintoma. Na verdade, perdemos a fé em nós mesmos. Encontrar o seu rumo é a solução. Sem um caminho a seguir corremos para todos os lados e não chegamos a lugar nenhum.
..."Fé em Deus"... "A água viva"... "Uma voz que canta, uma voz que dança, uma voz que gira"... Peça, mas saiba o que pedir. Descubra o desejo que lateja dentro de ti...

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O silêncio

Saber ouvir é um ato que não é dos mais fáceis. É preciso que nos calemos e façamos silêncio. Mas não é somente o silêncio da fala. Faz-se necessário que estejam em silêncio os nossos fantasmas internos. Muito mais do que palavras podemos dar o silêncio, espelho onde o outro vê refletidas as palavras que ele lançou no universo.
7 de maio - dia do silêncio - a beleza de saber ouvir está na cura que isto produz.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Acima da insensibilidade

Momentos de transcendência... A verdade deles está naquilo que sentimos. Não importa o tempo que duram ou as consequências que trarão. Eles são eternos no instante em que ocorrem.
Somos felizes quando estamos preparados para viver o agora e não precisamos da ilusão de um para sempre.

sábado, 27 de junho de 2009

Entre Kairós e Kronos, entre o amor e o ódio

O tempo não pára. Por isso ele é eterno. Só dura aquilo que se transforma. Como o rio que nunca deixa de se refazer a cada instante. O mesmo ocorre com o ser humano. Conseguimos nos manter saudáveis quando mantemos o movimento de constante transformação. Não conseguir odiar ninguém é o exemplo perfeito disto.
Essas considerações também valem para o contexto em que vivemos. Uma sociedade saudável nasce daquele "futuro que a gente imaginava". Pode até ser o fim, mas não é inevitável. Depende de todos nós.

Paciência – a ciência da paz

Só correndo o risco de parecer ser louco é que se pode viver sadiamente neste contexto doentio, que deseja nos impor a ditadura da "casca dourada das horas", como diria Quintana.

Dançar é amar a alegria

A dança é a maneira pela qual o corpo faz amor com o divino. Obra de arte em movimento. O homem é a moldura, a mulher é a pintura.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

“Enquanto houver sol”

Enquanto houver sol haverá uma luz iluminando o nosso caminho.. Caminho que sempre vai dar no mesmo lugar, aonde todo mundo quer chegar.